Monday, April 26, 2010

Cave um buraco e esqueça o sol ou voe alto

Este texto tem fundamentos nos textos de Brandão, Rodrigues, 2005



Por toda parte pode haver transferência de saber, porque a educação aprende com o homem a continuar o trabalho da vida. Não só apenas a continuar, mas também a instalar dentro de um domínio propriamente humano de trocas de símbolo, intenções, padrões de cultura e de relações de poder.

Ninguém escapa da educação, pois ela abrange todos os lugares. Ela aparece em nossas vidas fatiadamente, e nos pega na rua, em casa, na igreja, ou até mesmo na escola. Por isso que todos os dias misturamos a vida com a educação. Com uma ou com várias.

A educação quando é comunitária é livre, e isso significa que é difusa em todos os aspectos, ou seja, para aprender não precisa necessariamente de livros, classes, alunos, professores, salas e entre outras coisas, porque ela é feita com a cara de cada sociedade. Essa forma nos deixa claro que a educação se mistura a vida, e então temos a ideia de que a escola não é o único lugar onde ela acontece, e nem o melhor.

Por exemplo os antropólogos do começo do século saíram pelo mundo pesquisando “culturas primitivas”, e aprenderam que quase nenhuma delas usava a palavra educação. Eles disseram que todos os agentes desta educação de aldeia criam de parte a parte situações que, direta ou indiretamente, forçavam iniciativas de aprendizagem e treinamento.

Um exemplo de aprendizagem é um grupo de pescadores da Nova Zelândia. Lá eles possuem “casas de ensino” que ficam abertas o tempo todo, onde toda sabedoria e cultura são ensinada aos jovens por professores-sacerdotes.

Já em outra aldeias, como a de Burma por exemplo, a criança e o adolescente para se ajustar a aldeia, são ensinados aos poucos a caçar, a fabricar o arco e a flecha e assim por diante.

Assim fica claro que os que sabem ensinam,fazem, vigiam, incentivam, demonstram, corrigem, punem e premiam. Já os que não sabem espiam, e são introduzidos e incentivados. Enfim, ali todos que convivem aprendem.

Através disso perceberam que existem situações pedagógicas em qualquer grupo humano e que todas formam a identidade e o modo de vida do grupo social. São estas:

1 )Treinamento direto de habilidades corporais.

2) Estimulação dirigida e repetida.

3) Observação livre e repetida.

4) Correção interpessoal, familiar ou comunitária.

5) Assistência convocada para cerimônias rituais.

6) Inculcação dirigida em situações de quase-ensino.

Dessa forma vemos que a socialização realiza em sua esfera as necessidades e projetos da sociedade, e realiza em cada um de seus membros, grande parte daquilo que eles precisam para serem reconhecidos como “seus”e para existirem dentro dela.

Assim, chegamos a conclusão de que primeiramente a educação vem das relações interpessoais diretas no âmbito familiar, mas também existe entre habitantes de uma mesma aldeia, cidade e mesma língua.

Pesquisando um pouco mais descobrimos que é chamado de “endoculturação o processo que funciona sobre os educandos em uma situação pedagógica total, onde a educação é uma fração de experiências endoculturativa, em que o homem natural é a matéria- prima.

Dessa maneira percebemos que a vida é uma escola por si própria, pois é nela que aprendemos a grande maioria das coisas que sabemos, sem um ensino especializado e formal, porque a própria vida aprende e ensina a sobreviver e a evoluir em casa tipo de ser.

Werner Jaeger tem na cabeça a ideia de educação sendo como: “A natureza do homem, na sua dupla estrutura corpórea e espiritual, (...) exige organizações destas, ao conjunto das quais damos o nome de educação. (...) É nela que essa força atinge o seu mais alto grau de intensidade, através do esforço consciente do conhecimento e da vontade, dirigida para a consecução de um fim.”

A partir do que Werner diz podemos perceber que quando um povo alcança um estágio complexo de organização da sua sociedade e de sua cultura, é que ele começa a viver e a pensar como problema as formas e os processos de transmissão do saber. No entanto muito antes que isso aconteça, a educação existe sob muitas formas e é praticada sob muitas maneiras, como já ditas à cima.

O ensino se torna centralizado quando aparece a escola, o aluno e o professor. Ele é assim porque se tornou formal, e só é formal quando se sujeita a pedagogia.

Dessa maneira o ensino se torna hierarquizado, assim tornando a distribuição do saber desigual, gerando dessa forma a divisão social de um povo, e isso se dá quando o trabalho produz os bens e o poder reproduz a ordem.

Este ensino toma as poucos a tarefa de assumir, controlar e recodificar domínios, sistemas, modos e usos do saber e das situações coletivas de distribuição dele, e aos poucos acontece com a educação o que acontece com todas as outras práticas sociais, um interesse político de controle, onde os controlados são os especialistas e mediadores entre o poder e o saber.

Podemos concluir então que a educação escolar que ajuda a separar o nobre do plebeu parece ser o ponto terminal na escola de invenção dos recursos humanos de transferência do saber de uma geração a outra.


By Srta Gap.